O filme A Primeira Tentação de Cristo enfureceu os cristãos fervorosos do país.
Dois milhões de pessoas assinaram uma petição pedindo o seu encerramento, e a produtora foi atacada com coquetéis molotov no mês passado.
Um juiz proibiu temporariamente o filme na quarta-feira para apaziguar seus críticos.
Mas o presidente da Suprema Corte, Dias Toffoli, disse na quinta-feira que a Netflix deveria ter permissão para continuar transmitindo o programa, afirmando que a liberdade de expressão era fundamental em uma democracia.
“Não se pode supor que uma sátira humorística tenha a capacidade de enfraquecer os valores da fé cristã, cuja existência remonta a mais de dois mil anos e que é a crença da maioria dos cidadãos brasileiros”, disse o juiz.
Por que o filme causou alvoroço?
O filme paródia, que foi veiculado como especial de Natal, foi criado pelo grupo de comédia brasileiro Porta dos Fundos no YouTube.
Bolsonaro: Brasil não deve se tornar ‘paraíso do turismo gay’
Muitos dos cristãos conservadores do país ficaram irritados com a representação de Jesus trazendo para casa um namorado chamado Orlando para conhecer sua família, enquanto Maria e José planejam para ele uma festa surpresa de 30 anos.
Na véspera de Natal, um grupo atacou o escritório do Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, com bombas incendiárias.
Um homem suspeito de ter participado no ataque fugiu para a Rússia e a Interpol está a trabalhar para o prender.
Por que foi banido em primeiro lugar?
Um juiz do Rio de Janeiro ordenou que a Netflix retirasse o filme na quarta-feira.
O juiz Benedicto Abicair disse que a sua decisão temporária apaziguaria os cristãos irados até que uma decisão final fosse tomada por um tribunal superior.
“Exibir a ‘produção artística’… pode causar danos mais graves e irreparáveis do que a sua suspensão”, disse o juiz.
A Porta dos Fundos afirmou em comunicado que “se opõe a qualquer ato de censura, violência, ilegalidade, autoritarismo” e que continuará a divulgar o seu trabalho.
O presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, disse uma vez que preferia ter um filho morto do que um filho gay.
Seu filho, Eduardo Bolsonaro, chamou o programa da Netflix de “lixo” no Twitter, acrescentando que o Porta dos Fundos “não representa a sociedade brasileira”.