Brasil: proibição de filmes de paródia de ‘Jesus gay’ da Netflix foi revogada

Feb 20, 2024

O filme A Primeira Tentação de Cristo enfureceu os cristãos fervorosos do país.

Dois milhões de pessoas assinaram uma petição pedindo o seu encerramento, e a produtora foi atacada com coquetéis molotov no mês passado.

Um juiz proibiu temporariamente o filme na quarta-feira para apaziguar seus críticos.

Mas o presidente da Suprema Corte, Dias Toffoli, disse na quinta-feira que a Netflix deveria ter permissão para continuar transmitindo o programa, afirmando que a liberdade de expressão era fundamental em uma democracia.

“Não se pode supor que uma sátira humorística tenha a capacidade de enfraquecer os valores da fé cristã, cuja existência remonta a mais de dois mil anos e que é a crença da maioria dos cidadãos brasileiros”, disse o juiz.

Por que o filme causou alvoroço?

O filme paródia, que foi veiculado como especial de Natal, foi criado pelo grupo de comédia brasileiro Porta dos Fundos no YouTube.

Bolsonaro: Brasil não deve se tornar ‘paraíso do turismo gay’
Muitos dos cristãos conservadores do país ficaram irritados com a representação de Jesus trazendo para casa um namorado chamado Orlando para conhecer sua família, enquanto Maria e José planejam para ele uma festa surpresa de 30 anos.

Na véspera de Natal, um grupo atacou o escritório do Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro, com bombas incendiárias.

Um homem suspeito de ter participado no ataque fugiu para a Rússia e a Interpol está a trabalhar para o prender.

Por que foi banido em primeiro lugar?

Um juiz do Rio de Janeiro ordenou que a Netflix retirasse o filme na quarta-feira.

O juiz Benedicto Abicair disse que a sua decisão temporária apaziguaria os cristãos irados até que uma decisão final fosse tomada por um tribunal superior.

“Exibir a ‘produção artística’… pode causar danos mais graves e irreparáveis do que a sua suspensão”, disse o juiz.

A Porta dos Fundos afirmou em comunicado que “se opõe a qualquer ato de censura, violência, ilegalidade, autoritarismo” e que continuará a divulgar o seu trabalho.

O presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, disse uma vez que preferia ter um filho morto do que um filho gay.

Seu filho, Eduardo Bolsonaro, chamou o programa da Netflix de “lixo” no Twitter, acrescentando que o Porta dos Fundos “não representa a sociedade brasileira”.

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